Marcadores

Pesquisar

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Mais uma da série: "Mais um pouco de Linguística". (PARTE 4).

A seguir, a última parte do artigo sobre a "História da Linguística", com mais um cientista linguísta para vocês se debruçarem a respeito de sua história e seus estudos.

por DOM.

ROMAN JAKOBSON(por Paulo Ruam Aquino DA SILVA).

Nasceu em Moscou, em 1896. Estudou línguas orientais em Moscou. Fundou o Círculo Língüístico de Moscou, que se atribuía, entre outras, como tarefa, a Poética, a Análise do Verso. Isso põe Jakobson em contato com grandes poetas russos e lança as bases do que se chamou o formalismo russo. Jakobson deixou a Rússia em 1920, mesmo ano que Trubetzkoy, quando começaram longa correspondência. Jakobson foi conselheiro cultural em Praga, onde apresentou sua Tese de Doutorado, em 1930. Participou do Círculo Lingüístico de Praga, do Congresso Internacional de Lingüística e de Fonética. Em 1939, refugiou-se na Escandinávia por ser israelita. Daí passou aos EEUU, em 1941. Lecionou em Nova Iorque, onde fundou também um Círculo Lingüístico. Lecionou em outras universidades americanas. Sua obra é vasta e multiforme; até 1939, quase só tratou de literatura e poesia. A parte mais importante de sua obra é a que trata de fonologia: considera a linguagem infantil, a afasia, as afinidades fonológicas entre as línguas. Não produziu nenhuma obra teórica volumosa que apresentasse toda sua doutrina. É brilhante nos colóquios e congressos, nas colocações provisórias, sempre nas fronteiras da antropologia e da patologia da linguagem, da estilística e do folclore. É o homem das colaborações. Em suas primeiras obras de fonologia, parte do verso eslavo ( tcheco ou russo ) para chegar ao conceito de fonema. Já nos EEUU, com Fant e Halle, libera outra tendências. Sonha, com Einstein, em dar ao mundo uma “relatividade lingüística”. Reduz as oposições fonológicas a 12: vogais/não-vogais, consoante/não-consoante, nasal/oral etc. Às objeções, responde dizendo ser uma cômoda tabela de trabalho. Foi pioneiro em fonologia diacrônica, já que Saussure, aparentemente ao menos, renuncia a aplicar a noção de sistema à diacronia. Para Jakobson, as mudanças lingüísticas visam, muitas vezes, o sistema, sua estabilização, sua reconstrução. Assim, o estudo diacrônico não exclui as noções de sistema e função. No estudo da afasia, lançou a teoria de que há duas formas: a perda do poder de seleção (confusão paradigmática). Essa classificação, simples demais, não preenche o hiato entre as diversas formas de afasia. Jakobson é famoso pelas seis funções que apontou para a linguagem:

1.                              Referencial
2.                              Emotiva
3.                              Conativa
4.                              Poética
5.                              Fática
6.                              Metalingüística


                         Não esgota o problema da totalidade de usos da língua. Jakobson o sabe e diz que as seis funções mascaram a função de comunicação, que é a única da língua. O que se chamam funções são os usos particulares da língua que podem estar mais ou menos presentes em cada comunicação No campo da morfologia procurou no estudo do sistema dos casos em russo, descobrir um valor semântico para cada caso, assim como para as categorias gramaticais. Em fonologia mostrou serem as variações de cada fonema condicionadas pelo ambiente fônico em que ocorrem e não isoladamente, como dizem os neogramáticos. Estabeleceu ser o fonema um feixe de traços distintivos (com o Círculo Lingüístico de Praga). A estilística ou a poética são uma uma das suas preocupações mais profundas. Devemos situá-la no Formalismo Russo, que considera desde as recorrências fônicas até os gêneros literários. “A palavra se basta a si mesma, é o único grande herói da literatura”. (1920) Este movimento só se compreende em relação à postura anterior da crítica literária russa, que era cívica . Celebrava os romances de Dumas que mostravam as torpezas da vida nas cortes. Jakobson teoriza em 1960: “a função poética projeta o princípio da prevalência do eixo da seleção sobre o eixo da combinação”. A função poética constrói uma cadeia de sons, formas, sentidos que geralmente não estão associados ao sistema. A poesia na Rússia esteve, até pouco tempo, ligada às formas fixas. Por ser um povo analfabeto, o transmissão oral era o canal de circulação poética. Apesar de seus conhecimentos antropológicos, nunca se deteve na gênese da poesia, originalmente a via de conservação e de transmissão oral de todo saber. Sua teoria da função poética explica melhor um slogan (I like Ike) que um poema de Baudelaire. Jakobson tinha ainda a tendência de reduzir os problemas a oposição de dois termos, sacrificando a complexidade dos fatos. Mesmo em literatura ele reduz todo discurso a dois procedimentos: metáfora e metonímia (similaridade e contigüidade). Foi mais sincrético que sintético, mais explorador que verificador.

Leia mais:
MOUNIN, Georges. La linguistique du XXe  siècle. Presses Universitaires de France, s/l: 1972.

ROBINS, R. C. Pequena história da lingüística. Rio: Ao Livro Técnico, 1983 ). 

FIM.


Um comentário:

  1. Dom, não tive a oportunidade de finalizar a leitura de seus últimos posts, mas parabéns... ;D

    ResponderExcluir