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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Mais uma da série: "Mais um pouco de Linguística". (PARTE 2).


Olá amig@s,


a seguir, a segunda parte do artigo sobre a "História da Linguística", que prometi postar para vocês. Boa pesquisa e bons estudos!

por DOM.


LEONARD BLOOMFIELD(por Paulo Ruam Aquino DA SILVA).


            Nasceu em Chicago, em 1887. Lecionou alemão, lingüística e gramática comparada em diversas universidades americanas. Morreu em 1947. Em 1924-1925, convocou a sociedade americana de lingüística, ato que separou os professores de lingüística dos professores de língua. Participou com seus discípulos do programa de preparação lingüística para os combatentes no Pacífico em 1941. Redigiu manuais de holandês, de russo e de alemão, assim como um manual de alfabetização, em 1940. Era tão eficiente na teoria como na prática. Foi sanscritista, bebeu nas fontes de Pânini. Publicou estudos sobre línguas malaio-polinésias e considerava, como outros lingüistas americanos, as línguas ameríndias. Falou da reconstituição de uma proto-língua, num domínio sem tradição escrita. Na lingüística geral, escreveu um só livro: Language. Sua 1a  edição foi em 1914, após estada na Alemanha. Em 1933, sai uma versão atualizada, com mudança de perspectiva. O 1o  texto quase não é mais lido. À acusação de anti-mentalista, respondeu: “O lingüista se ocupa unicamente de sinais lingüísticos. Ele não é competente para se ocupar de problemas de fisiologia ou de neurologia” (Language, 1935, p. 35). Ele rechaça os postulados segundo os quais, anteriormente à emissão dos sinais lingüísticos, produz-se no locutor um processo não físico, um pensamento, um conceito, uma imagem, um ato de vontade etc. “Uma [tal] terminologia ... de um lado não se faz nenhum bem, de outro lado faz muito mal em lingüística” (op. cit., p. 27). Trata-se, para ele, de descrever a comunicação lingüística a partir de seus observáveis, como o faria “um observador vindo de outro planeta” (p. 29). “A única evidência desses processos mentais é o processo lingüístico: eles não acrescentam nada a discussão, só servem para obscurecê-la” (p. 22). A negação de Bloomfield à psicologia é uma questão metodológica. Seu behaviourismo, necessário na sua época, são uma higiene científica. O trabalho interdisciplinar só pode ser produtivo se cada disciplina empresta à outra seus dados concretos, não seus pontos frágeis. Ao lado dessa posição fácil de defender, Bloomfield lança, às vezes, fórmulas mecanicistas, compreensivelmente provocantes na época. Mas sua teoria não é simplista, como fazem parecer alguns de seus seguidores.
            Quanto ao fonema, há intercompreensão entre Bloomfield e os de Praga. Bloomfield isola os fonemas por comutação, os opõe por traços distintivos, mas prefere definí-los por sua distribuição na cadeia. No plano das unidades significativas, Bloomfield aplica a comutação, para destacar o que ele chama morfemas ou alomorfes. Sua sintaxe é original na medida em que ele tenta inventariar algumas possibilidades universais de construir o sentido de uma frase a partir de seus morfemas:
1o  - por modulação _ Você vem ( ? ) ( ! )
2o  - por alternância fonética _ goose/geese; sing/sang
3o - por ordenação _ O capitão não sabe que perigo o soldado espera / espera o soldado.
4o- por seleção _ enunciados semelhantes, com mesma modulação, ao mesmo destinatário têm sentidos diferentes: Man! Jump! ( vocativo/comando ).

Em semântica, faz observações muito justas como: “para dar uma definição cientificamente exata de cada forma da língua, precisaríamos possuir um saber cientificamente exato de tudo que forma o universo do locutor” (p. 132). Novamente, seus seguidores petrificaram suas idéias, dizendo ser a descrição semântica impossível em lingüística. Sua definição de forma lingüística é famosa: “é a situação na qual o locutor a enuncia e a resposta que ela provoca da parte do ouvinte”. (p. 132). Essa é a maneira de a criança aprender a falar. “O estudo dos sons do discurso sem consideração de suas significações é uma abstração” (p. 132). Essa frase devolve os direitos à semântica. Na conclusão de Language, Bloomfield trata do purismo gramatical, com uma severidade fundada no arraigamento deste na discriminação sociológica; do ensino da gramática na escola; da ortografia inglesa e de seu custo intelectual desastroso; do ensino de línguas vivas; de estenografias; da possibilidade de uma língua universal. À pesquisa fundamental soma a lingüística aplicada, se não for precedida de estudos lingüísticos dos problemas. Bloomfield, com Boas e Sapir, formaram vários lingüistas americanos. Na Europa teve menos êxito No período bloomfieldiano, a lingüística se afirmou como disciplina autônoma. Bloomfield centrou sua atenção na descrição formal por meio de operações e conceitos suscetíveis de descrição objetiva. (morfema ou alomorfe zero? ) A partir de Bloomfield, admitiu-se a existência do fonema suprassegmental (duração, intensidade e altura). A entonação foi tratada como um fonema que recai sobre diversas sílabas, sendo a linha melódica da frase constituída de uma série de fonemas de diferentes alturas. Bloomfield seguiu os passos dos neogramáticos quando declarou que os motivos que determinam a mudança sonora são desconhecidos(p. 385). 

CONTINUA...

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