por DOM.
EDWARD SAPIR - 1884-1939(por Paulo Ruam Aquino DA SILVA).
Nasceu em Lauemburg, Alemanha. Estudou em Nova Iorque e em Columbia. Dirigiu o
Departamento de Antropologia do Museu de Otawa. Foi discípulo de Franz Boas.
Estudou línguas ameríndias. Lecionou antropologia e lingüística na Universidade
de Chicago e de Yale. Celebrava Croce, por estranho que pareça. Conhecia
música, era leitor de Freud e de Jung. Fora seus estudos de línguas ameríndias,
foi conhecido como autor de uma só obra: Language. ( N. Iorque, 1921 ).
Surgiu na época em que a lingüística atingia sua independência e formou muitos
discípulos. Sapir chegou a noção da existência dos fonemas, independentemente
de Saussure. Acentua a diferença entre o que o locutor enuncia e o que crê
enunciar (fonética e fonologia), as variantes livres e combinatórias e os
traços pertinentes e não pertinentes a cada fonema. Em Language, dá o
papel principal à forma, mas define forma em relação às estruturas
gramaticais.: ordem das palavras, afixação, composição, alternância vocálica ou
consonantal, reduplicação, acento tônico. Ele está consciente da relação entre
forma e função entre as quais quase nunca há correspondência unívoca. “O
sistema [das formas] é uma coisa e a utilização do sistema (a função) é outra”.
(Language, p.59 ) Para Sapir, a função preside a forma e a precede.
Função
– ter alguma coisa a dizer.
Forma
– maneira de o dizer.
A
lingüística é o estudo da forma, que pode e deve ser estudada enquanto sistema,
fazendo abstração das funções que a ele se prendem. Vê-se aí influência do
positivismo e do pragmatismo reinantes na época. Mas há também influência de
Humboldt, através de Boas, mestre de Sapir, no que se refere a innere Sprachform (sistema interior
ideal). Sapir fala em “tendência inerente”, “plano determinado”, “forma
determinada” (Language, p. 60,61). Sapir marcou sua época no domínio da
tipologia, isto é, na classificação das línguas, independente do critério
genético e geográfico, em contraste com a gramática comparada indo-européia ou
semítica. Sua classificação é bem complexa e é esse seu mérito (línguas
isolantes, fracamente sintéticas, sintéticas, polissintéticas etc ). Elaborou
também uma explicação geral da evolução das línguas mais soft. Fala em “deriva lingüística”. Em mais um ponto, Sapir foi
notável: quando fala que toda língua revela uma análise do mundo exterior que
lhe é específico, impõe ao falante uma maneira de ver e interpretar esse mundo,
é um prisma, através do qual ele está limitado a ver o que vê. Essa tese já
aparece em Whorf e em Humboldt, levada à América por Boas, que insiste na
necessidade de relacionar língua e cultura. Para Sapir, a linguagem é um guia
da “realidade social”. O mundo real é em grande parte fundado sobre os hábitos
lingüísticos do grupo. Cada comunidade vive num mundo distinto e não no mesmo
mundo com etiquetas distintas (nada a ver com raça). Sapir mostra também a
dificuldade de o indivíduo expressar sua experiência, sua vivência ao grupo.
Aqui entrará a linguagem poética ou literária. “Quando esta representação
simbólica do pensamento, que é a linguagem toma uma forma mais finamente
expressiva que de costume, nós a chamamos literatura”. (Language, p.
216) Foi grande a influência de Sapir na língua norte-americana, com poucos
pontos de contato com Bloomfield. Conheceram-se, respeitaram-se, mas não eram
amigos nem colaboradores.
CONTINUA...
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