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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Mais uma da série:"Mais um pouco de Linguística". (PARTE 3)

Em seguida, a terceira parte do artigo sobre "História da Linguística".


por DOM.

EDWARD SAPIR - 1884-1939(por Paulo Ruam Aquino DA SILVA).

 Nasceu em Lauemburg, Alemanha. Estudou em Nova Iorque e em Columbia. Dirigiu o Departamento de Antropologia do Museu de Otawa. Foi discípulo de Franz Boas. Estudou línguas ameríndias. Lecionou antropologia e lingüística na Universidade de Chicago e de Yale. Celebrava Croce, por estranho que pareça. Conhecia música, era leitor de Freud e de Jung. Fora seus estudos de línguas ameríndias, foi conhecido como autor de uma só obra: Language. ( N. Iorque, 1921 ). Surgiu na época em que a lingüística atingia sua independência e formou muitos discípulos. Sapir chegou a noção da existência dos fonemas, independentemente de Saussure. Acentua a diferença entre o que o locutor enuncia e o que crê enunciar (fonética e fonologia), as variantes livres e combinatórias e os traços pertinentes e não pertinentes a cada fonema. Em Language, dá o papel principal à forma, mas define forma em relação às estruturas gramaticais.: ordem das palavras, afixação, composição, alternância vocálica ou consonantal, reduplicação, acento tônico. Ele está consciente da relação entre forma e função entre as quais quase nunca há correspondência unívoca. “O sistema [das formas] é uma coisa e a utilização do sistema (a função) é outra”. (Language, p.59 ) Para Sapir, a função preside a forma e a precede.
Função – ter alguma coisa a dizer.
Forma – maneira de o dizer.
A lingüística é o estudo da forma, que pode e deve ser estudada enquanto sistema, fazendo abstração das funções que a ele se prendem. Vê-se aí influência do positivismo e do pragmatismo reinantes na época. Mas há também influência de Humboldt, através de Boas, mestre de Sapir, no que se refere a innere Sprachform (sistema interior ideal). Sapir fala em “tendência inerente”, “plano determinado”, “forma determinada” (Language, p. 60,61). Sapir marcou sua época no domínio da tipologia, isto é, na classificação das línguas, independente do critério genético e geográfico, em contraste com a gramática comparada indo-européia ou semítica. Sua classificação é bem complexa e é esse seu mérito (línguas isolantes, fracamente sintéticas, sintéticas, polissintéticas etc ). Elaborou também uma explicação geral da evolução das línguas mais soft. Fala em “deriva lingüística”. Em mais um ponto, Sapir foi notável: quando fala que toda língua revela uma análise do mundo exterior que lhe é específico, impõe ao falante uma maneira de ver e interpretar esse mundo, é um prisma, através do qual ele está limitado a ver o que vê. Essa tese já aparece em Whorf e em Humboldt, levada à América por Boas, que insiste na necessidade de relacionar língua e cultura. Para Sapir, a linguagem é um guia da “realidade social”. O mundo real é em grande parte fundado sobre os hábitos lingüísticos do grupo. Cada comunidade vive num mundo distinto e não no mesmo mundo com etiquetas distintas (nada a ver com raça). Sapir mostra também a dificuldade de o indivíduo expressar sua experiência, sua vivência ao grupo. Aqui entrará a linguagem poética ou literária. “Quando esta representação simbólica do pensamento, que é a linguagem toma uma forma mais finamente expressiva que de costume, nós a chamamos literatura”. (Language, p. 216) Foi grande a influência de Sapir na língua norte-americana, com poucos pontos de contato com Bloomfield. Conheceram-se, respeitaram-se, mas não eram amigos nem colaboradores.

CONTINUA... 

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