por DOM.
ROMAN JAKOBSON(por Paulo Ruam Aquino DA SILVA).
Nasceu
em Moscou, em 1896. Estudou línguas orientais em Moscou. Fundou o Círculo
Língüístico de Moscou, que se atribuía, entre outras, como tarefa, a Poética, a
Análise do Verso. Isso põe Jakobson em contato com grandes poetas russos e
lança as bases do que se chamou o formalismo russo. Jakobson deixou a Rússia em
1920, mesmo ano que Trubetzkoy, quando começaram longa correspondência.
Jakobson foi conselheiro cultural em Praga, onde apresentou sua Tese de
Doutorado, em 1930. Participou do Círculo Lingüístico de Praga, do Congresso
Internacional de Lingüística e de Fonética. Em 1939, refugiou-se na
Escandinávia por ser israelita. Daí passou aos EEUU, em 1941. Lecionou em Nova
Iorque, onde fundou também um Círculo Lingüístico. Lecionou em outras
universidades americanas. Sua obra é vasta e multiforme; até 1939, quase só
tratou de literatura e poesia. A parte mais importante de sua obra é a que
trata de fonologia: considera a linguagem infantil, a afasia, as afinidades
fonológicas entre as línguas. Não produziu nenhuma obra teórica volumosa que
apresentasse toda sua doutrina. É brilhante nos colóquios e congressos, nas
colocações provisórias, sempre nas fronteiras da antropologia e da patologia da
linguagem, da estilística e do folclore. É o homem das colaborações. Em suas
primeiras obras de fonologia, parte do verso eslavo ( tcheco ou russo ) para
chegar ao conceito de fonema. Já nos EEUU, com Fant e Halle, libera outra
tendências. Sonha, com Einstein, em dar ao mundo uma “relatividade
lingüística”. Reduz as oposições fonológicas a 12: vogais/não-vogais,
consoante/não-consoante, nasal/oral etc. Às objeções, responde dizendo ser uma
cômoda tabela de trabalho. Foi pioneiro em fonologia diacrônica, já que
Saussure, aparentemente ao menos, renuncia a aplicar a noção de sistema à
diacronia. Para Jakobson, as mudanças lingüísticas visam, muitas vezes, o
sistema, sua estabilização, sua reconstrução. Assim, o estudo diacrônico não
exclui as noções de sistema e função. No estudo da afasia, lançou a teoria de
que há duas formas: a perda do poder de seleção (confusão paradigmática). Essa
classificação, simples demais, não preenche o hiato entre as diversas formas de
afasia. Jakobson é famoso pelas seis funções que apontou para a linguagem:
1.
Referencial
2.
Emotiva
3.
Conativa
4.
Poética
5.
Fática
6.
Metalingüística
Não
esgota o problema da totalidade de usos da língua. Jakobson o sabe e diz que as
seis funções mascaram a função de comunicação, que é a única da língua. O que
se chamam funções são os usos particulares da língua que podem
estar mais ou menos presentes em cada comunicação No campo da morfologia
procurou no estudo do sistema dos casos em russo, descobrir um valor semântico
para cada caso, assim como para as categorias gramaticais. Em fonologia mostrou
serem as variações de cada fonema condicionadas pelo ambiente fônico em que
ocorrem e não isoladamente, como dizem os neogramáticos. Estabeleceu ser o
fonema um feixe de traços distintivos (com o Círculo Lingüístico de Praga). A
estilística ou a poética são uma uma das suas preocupações mais profundas.
Devemos situá-la no Formalismo Russo, que considera desde as recorrências
fônicas até os gêneros literários. “A palavra se basta a si mesma, é o único
grande herói da literatura”. (1920) Este movimento só se compreende em relação
à postura anterior da crítica literária russa, que era cívica . Celebrava os romances de Dumas que mostravam as torpezas
da vida nas cortes. Jakobson teoriza em 1960: “a função poética projeta o
princípio da prevalência do eixo da seleção sobre o eixo da combinação”. A
função poética constrói uma cadeia de sons, formas, sentidos que geralmente não
estão associados ao sistema. A poesia na Rússia esteve, até pouco tempo, ligada
às formas fixas. Por ser um povo analfabeto, o transmissão oral era o canal de
circulação poética. Apesar de seus conhecimentos antropológicos, nunca se
deteve na gênese da poesia, originalmente a via de conservação e de
transmissão oral de todo saber. Sua teoria da função poética explica melhor um
slogan (I like Ike) que um poema de Baudelaire. Jakobson tinha ainda a
tendência de reduzir os problemas a oposição de dois termos, sacrificando a
complexidade dos fatos. Mesmo em literatura ele reduz todo discurso a dois
procedimentos: metáfora e metonímia (similaridade e contigüidade). Foi mais
sincrético que sintético, mais explorador que verificador.
Leia mais:
MOUNIN,
Georges. La linguistique du XXe siècle. Presses Universitaires de
France, s/l: 1972.
ROBINS,
R. C. Pequena história da lingüística. Rio:
Ao Livro Técnico, 1983 ).
FIM.
Dom, não tive a oportunidade de finalizar a leitura de seus últimos posts, mas parabéns... ;D
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