PESSOA, Simone. Dissertação não é bicho-papão: desmitificando monografias, teses e
escritos acadêmicos. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. Resenhado por BARBOSA, D. A. e RODRIGUES, L. B..
O presente trabalho tem por objetivo tratar de questões especificas acerca do livro “Dissertação não é bicho-papão” de Simone Pessoa. Sobre esse aspecto alguns dos pontos que merecerão nossa atenção é a escolha do tema, parte crucial do desenvolvimento da dissertação. A leitura que é essencial para qualquer trabalho acadêmico, assim como o envolvimento da família, sem esquecermos, é claro, da organização do tempo, para não perder os prazos estabelecidos na entrega do trabalho final. Não abordaremos todos os capítulos, visto que a maioria se adequa a um roteiro prático aos que se empenham na tarefa de escrever seus trabalhos acadêmicos. Assim os já mencionados assuntos ganharão destaque em nossa abordagem.
Ao produzirmos um trabalho acadêmico, tese, dissertação, monografia etc., precisamos de um ponto de partida. E isto não quer dizer que este trabalho não possa ou deva ser prazeroso. Dessa forma, Pessoa nos mostra de uma forma simplificada que a experiência pode vir a ser maravilhosa. Todos os pontos discutidos pela autora foram feitos com singeleza e maestria, baseados nas experiências vividas pela mesma. Pessoa mostra-nos de fato o “caminho das pedras” e este não é fácil, entretanto pode ser satisfatório. A autora afirma que “Ao invés de aprisionar e fazer sofrer, é uma fonte de libertação e crescimento.” (p.12). A leitura atenta acerca deste ponto, libertação e não aprisionamento é de se concordar, devido ao fato de que ao fazermos a dissertação nos sentiremos mais seguros, e porque não dizer livres, para nos dedicar a outros projetos e trabalhos acadêmicos. Assim ao avaliarmos os benefícios advindos desta experiência só teremos a crescer.
A dissertação é uma tarefa, que exige compreensão de todos que estão ao nosso redor e é de suma relevância que todos ajudem em todas as atividades que o acadêmico precisar, claro que não é tarefa fácil, mas com uma boa conversa antecipada é possível organizar as coisas e seguir com a dissertação. Uma boa opção que a autora nos dá é de fazer um acordo de convivência com os moradores (familiares) da casa do acadêmico, para que seja possível o entendimento entre eles. Outro aspecto essencial é o tempo, pois a prioridade é da dissertação neste período para não sermos surpreendidos pelos prazos que teremos de cumprir, devendo, ter “cuidado para não relaxar demais e dormir no ponto. Apesar da fartura de tempo, a ordem continua sendo: disciplina e muita dedicação.” (p.32).
Outra questão de fundamental relevância é a escolha do tema, pois o conhecimento deste, em qualquer que seja a situação, é crucial. Falar sobre algo que não conhecemos é expor-se ao “ridículo” diante de pessoas que dominam o assunto. Da mesma forma podemos direcionar o que foi mencionado para a escolha do tema da dissertação. Nas palavras de Pessoa “temos que ser criteriosos ao eleger aquela que causa maior ressonância e faz o coração e a razão entrarem em sintonia” (p. 38). Não falamos sobre o que não conhecemos tampouco sobre o que nos desagrada. Logo a escolha do tema é uma questão diretamente ligada à emoção e à razão.
Ante o exposto somos direcionados ao ponto leitura. Ler, ler e ler. Escolhido o tema é chegada à hora da coleta das informações que comporão a parte teórica da dissertação. A autora nos aconselha a leitura de um livro por vez, para que não se deixe de marcar pontos importantes o que pode vir a ser uma “mão na roda” na hora de organizar a arte final da dissertação. Por outro lado há aqueles que leem vários livros ao mesmo tempo, isto não é condenado pela autora. Entretanto, alerta que pontos importantes podem ser perdidos e o acadêmico terá que “investir um tempinho no resgate para não perder o fio da meada.” (p. 74). “Cada coisa ao seu tempo” e a leitura não foge a esta regra.
Outro aspecto que a autora considera indispensável é a escolha do orientador sendo essa a “segunda eleição fundamental para o sucesso da trajetória dissertativa.” (p.53) Esta relação deve ser “harmônica”, rodeada de “sentimento de cumplicidade e bem-estar” e ter como objetivo principal a realização da pesquisa. É por nós sabido que qualquer desentendimento entre orientador-orientando resultará, em último caso, no abandono do curso pelo aluno. Assim, “O orientador dos sonhos é aquele que nos mobiliza para a ação” (p. 54).
Não podemos esquecer que ao produzirmos um texto, seja ele de qualquer gênero, há necessidade de métodos organizacionais. Diante disso destacamos que a objetividade e a clareza de ideias são imprescindíveis. Após o termino da pesquisa é hora de reunir todo material e montar a dissertação em si. Pessoa nos aconselha a “considerar a facilidade na obtenção de dados” (p. 117), evitando desta forma dor de cabeça. É momento de provar as teorias. É de base fundamental que sejamos sempre claros em nossos argumentos e isto também serve para a comprovação de nossa teoria na dissertação
Outro ponto do livro é a discussão referente ao exame de qualificação. Este exame é a fase mais importante do curso na medida em que aponta caminhos e soluções para os problemas existentes na pesquisa. Ainda nessa etapa a autora nos compara a um escultor “lapidando e buscando o aperfeiçoamento da obra a cada toque” (p.101). A autora sugere que o aluno produza “um jogo de slides” (...)“ que sintetize o essencial do trabalho”, onde “as ideias-chave” estejam “agrupadas numa mesma sequência”. Ser receptivos com as observações dos componentes da banca. Sobre este aspecto, Pessoa mostra que a escolha destes componentes é “mais que um simples detalhe, a escolha da banca é uma questão estratégica” (p. 107) e que segue o mesmo método da escolha do orientador. Essas dicas são retomadas pela autora no referente à defesa da dissertação.
A autora reserva para o último capítulo os comentários feitos pelos membros da banca que avaliou sua dissertação. Estes comentários enriquecem a obra por representarem a experiência de quem avalia e orienta monografias, dissertações e teses. É nesse contexto que todas opinam sobre a “motivação”, do tempo, da “escolha do tema”, da relação orientador-orientando, da “estrutura da dissertação”, da bibliografia, da “escrita do texto”, do relacionamento com a banca, dentre outros. É ainda neste último que aprendemos sobre o “mestre interno” que segundo Vieira¹ “É este mestre acadêmico – aquilo que não conhecemos de nós mesmos – que vai escolher o assunto para exercitar-se e ‘aparecer’”. (p. 139). Em outros termos a descoberta do “mestre-interior” supera o ímpeto pelo sucesso e no final de todo o processo, o que restará é o fruto de uma busca franca pela qualidade na aquisição de um conhecimento sólido que nos ajudará e àqueles com os quais dividiremos esse conhecimento.
Outro detalhe significativo da obra é a utilização de três elementos que aproximam a autora do leitor. As imagens que refletem de um modo bem-humorado e sagaz a descrição de cada capítulo, deixando a leitura mais suave de forma a, também, entreter o leitor. As citações que nos motivam a refletir e elevando nossa determinação acerca do que vamos fazer. Por fim as passagens às quais ela narra momentos de sua vivência acadêmica dão um caráter mais intimista à obra aproximando mais a autora de seu publico alvo.
De modo geral o livro “abre os olhos” do leitor no que se refere ao desenvolvimento da dissertação. Fazendo-nos esquecer do medo do desconhecido e nos “empurrando” para um caminho que, apesar de longo, nos trará grandes realizações futuras. Não só na vida acadêmica, como também em realizações posteriores.
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¹ Eliane Vieira é doutora em Engenharia Mecânica pela Unicamp e pós-doutorado em
criatividade e processos de autodesenvolvimento pelo Saybrook Institute, San
Francisco, CA.
Resenha feita pelas alunas no IV semestre do curso, na disciplina de Laboratório de Escrita e Produção Textual II, ministrada pelo Prof. Ms. Fco. Edmar Cialdine Arruda para obtenção de nota.
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